Cavando a Sepultura

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Não confio no coveiro, esse esbirro

Da morte, vil corcunda com mão impura.

Cavará nunca a minha sepultura,

Hostes de vermes ao seu passo acirro.

Ao pegar na pá três vezes espirro,

Que da má sorte repele a criatura,

E, grave, assaltando a terra dura,

Cavo a cova sob auspícios d'alvo cirro.

Seis palmos não chegam. Talvez mais seis,

Vezes seis, às pétreas tumbas de reis

Obscuros, olvidados pela história.

Subo a pulsos, do fundo abismal,

Da terra madre o cordão umbilical,

E volto ao mundo, feliz entre a escória.

Adrianus
Enviado por Adrianus em 16/01/2012
Reeditado em 17/01/2012
Código do texto: T3444711