Carregando a Cruz

*

Onde piso a dor brota, brota o cardo,

E as urtigas, subindo as minhas pernas,

São espectros de memórias eternas

Que, infeliz, arrasto como um fardo.

Em chegar aos trilhos suaves eu tardo

Pois, à noite, sem astros, sem lanternas,

Perco-me por dédalos, em cavernas,

E quando o dia nasce, nasce pardo.

Já me roeram as solas dos sapatos.

Os pés, em sangue, procuram regatos

De água límpida, fresca, redentora.

E assim vou, errante, ao dorso a cruz,

Em busca de calma, de amor, de luz,

Cuspindo segundos desta amarga hora.

Adrianus
Enviado por Adrianus em 15/01/2012
Reeditado em 15/01/2012
Código do texto: T3442833