Pietà

(Inspirado numa cena de “Macário”)

Pobre mulher! Por que assim segues a embalar

No murcho seio este cadáver descorado?

Não vês? Sinta-lhe o rosto rígido e gelado,

Que a Vida jamais tornará a animar!

Não vês, mulher? O que estás a acalentar

É um defunto frio e inanimado!

Da morte dorme o fundo sono, imperturbado,

E nada nem ninguém dele o pode acordar!

Não ouve-me…! Pobre mulher enlouquecida,

Assim chorando por um cadáver em vão

E crendo que no seio embala a vida!

Quem haverá de compreender o coração

De uma mãe…? Ah, pietà desconhecida,

Teus segredos não profanem leviana mão!

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 15/01/2012
Reeditado em 29/11/2021
Código do texto: T3442226
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