Dor que dói calada
Minhas mãos não tocaram nos seus seios
Quando entre os lençóis derramados
Na cama, dois homens, ela no meio,
Fizeram meu coração amassado.
Eram três corações amantes que me apunhalavam,
Sem perceber que matavam um amante
Das dores hipócritas que há muito me atormentavam
E que na cena libidinosa me deixaram vacilante.
Eis que um choro de prazer brota corado
No rosto da rapariga que ria a me odiar,
Sem saber que seu poeta estava magoado.
Então quero chorar aqui a tristeza, apavorado
Com as possíveis desgraças que, ao vadiar,
Eu possa fazer à flor que não tenho aguado.