Dor que dói calada

Minhas mãos não tocaram nos seus seios

Quando entre os lençóis derramados

Na cama, dois homens, ela no meio,

Fizeram meu coração amassado.

Eram três corações amantes que me apunhalavam,

Sem perceber que matavam um amante

Das dores hipócritas que há muito me atormentavam

E que na cena libidinosa me deixaram vacilante.

Eis que um choro de prazer brota corado

No rosto da rapariga que ria a me odiar,

Sem saber que seu poeta estava magoado.

Então quero chorar aqui a tristeza, apavorado

Com as possíveis desgraças que, ao vadiar,

Eu possa fazer à flor que não tenho aguado.

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 15/01/2012
Código do texto: T3441480
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