Visão da Dama Pálida
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Passa o furgão mortuário, por cavalos
Puxado, rumo à acrópole sombria,
Onde a noite em trevas dissolve o dia,
Berço de vermes, da morte vassalos.
O cocheiro, crânio de cabelos ralos,
Uiva com a fúria da ventania
Que passa em rajadas, passa tão fria,
Com prantos de almas santas, a arrastá-los.
No caixão, de tão pálida formosa,
Ela lembra a imagem da lua tombada
No além, em cova rasa, assombrosa.
E como veio, do nada, assim some,
Deixa um rasto de poeira pela estrada
E o vento, em vão, chama por seu nome.