SURREAL
E o dia fez-se noite de repente...
Corujas agourentas, vigilantes
sondando pensamentos meus, cortantes...
E um gato cinza cruza minha mente...
Bramidos, mil grunhidos dardejantes
arranham-me os ouvidos brutalmente...
E instalam-se no cérebro demente...
E fazem cortes cérceos, penetrantes...
Adeja o negro abutre no horizonte...
E avista lá do céu de treze a vinte
pavões de abertas caudas, junto à fonte...
E ataca esses pavões em fero acinte...
Pavões em leques, meigos, tão insontes...
Roxeando o azul com sangue em vil requinte.