SONETO Nº 24 SOLIDÃO

DEITADA ME VEJO TÃO SÓ
RELEMBRO A CASA CHEIA
CRIANÇAS CORRENDO PELOS CORREDORES, FAZENDO ARRUAÇAS
OUÇO OS GRITOS, QUE PENA QUE TUDO PASSA

A CASA ANTES PEQUENA,
QUASE NÃO COMPORTAVA A TODOS
BRIGAVA-SE PELO MELHOR LUGAR
PELO MELHOR COBERTOR

A MESA IMENSA DA SALA DE JANTAR
ALEGRE RECEBIA A TODOS, LUGAR FARTO
CONTAGIANTE,SEMPRE CABIA MAIS UM
ALMOÇO SERVIDO, SILENCIO TOTAL

APENAS OS RUÍDOS DOS COMENSAIS
A CABECEIRA DA MESA AUSTERO
CABEÇA BRANCA, O SENHOR
PAI DE MUITOS FILHOS

E TODOS LHE DEVOTAVAM AMOR
BASTAVA UM OLHAR, EMUDECIAM
NÃO PRECISAVA FALAR
SABÍAMOS NOSSO LUGAR

PASSADOS TANTOS ANOS, A SOLIDÃO
ME DEVORA, SENTO-ME A MESA SOZINHA
CHORO A FALTA DOS TEMPOS DE OUTRORA
CASAM-SE OS FILHOS, VÃO SE EMBORA ...CHORA QUEM FICA...