SONETO Nº 23 LÁGRIMAS SEM SAL

CHOREI UM PRANTO ABAFADO
TRISTE, SOLUÇADO,
PRESO NA GARGANTA,ALMA CONFUSA
EMBORA SOFRESSE MAIS, ALI EU ERA INTRUSA

OLHAVA-TE AO LONGE, SEM OUSAR ME APROXIMAR
FIXAVA EM MIM SEUS OLHOS VERDES
ESCONDIDO , PÁLPEBRAS SEMI CERRADAS
COMO SE NÃO ME OLHASSE

SABIAS MUITO BEM
O QUE ME LEVAVA ALI, AFINAL
O MEU LUGAR SERIA A CABECEIRA DA CAIXA GRANDE
PORÉM, NÃO ME ATREVIA NÃO

FLORES E MAIS FLORES CHEGAVAM
DE TODAS AS ESPECIES POSSÍVEIS
PARECIA UM JARDIM EM FESTA
NUNCA UM FUNERAL

DALI, ENTRE TANTAS PESSOAS
QUASE TODAS DESCONHECIDAS
SÓ VOCÊ E EU SABÍAMOS
O QUE TÍNHAMOS VIVIDO, E O ADEUS NÃO ERA FINGIDO

AS MINHAS LÁGRIMAS ENTÃO DOCES
ROLAM-ME FACE ABAIXO,SILENCIOSAS
POIS NOSSA HISTÓRIA DE AMOR
TEVE MUITOS IMPASSES

PARTES, SEM AO MENOS AVISAR-ME
TIVE UM CHOQUE AO LER NO JORNAL
PENSEI: - O QUE SERÁ DE MIM AGORA?
SEGUNDO PLANO SEMPRE, NUNCA FUI FILIAL