Almas gêmeas ll
Um cisco no universo, pássaro sem bando,
Um abismo no mar, no mar mais profundo!
No assoalho regurgitando a dor do mundo
Num soluço compulsivo agora derramando.
Poeira de estrelas, nenhum voo de aves,
Na floresta o bicho, bicho mais selvagem!
No sótão da minh'alma guardo a coragem
Dentro de um cofre trancado sem chaves.
As dores mais cruéis nas minhas digitais,
Perpetuando com tanta maestria e calma,
Meu peito cravado de espinhos e punhais.
E o sal das lágrimas aos poucos secando,
O tempo tem poder, distrai a minh'alma,
Me flagro sorrindo mais do que chorando.