Soneto de Perdição

Meus olhos pairam como nuvens negras,

Turvas, acima das copas das árvores.

Misturam-se o verde e o cinza, sem regras,

Sem compreender que ali há moradores.

Figurinhas de retinas sinceras,

Meigas, fofas, mas sempre caçadores...

Filhos, também, do Senhor das esferas

E, como nós, são bons desbravadores.

Com esperança e animosidade

Esgueiram-se em busca de moradia

Qualquer nisto que se chama cidade.

O verde nas fachadas mais ousadas

Não se assemelha ao que já foi um dia

O lar dessas árvores derrubadas.

Luis Carlos Wolfgang
Enviado por Luis Carlos Wolfgang em 10/01/2007
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