Soneto de Perdição
Meus olhos pairam como nuvens negras,
Turvas, acima das copas das árvores.
Misturam-se o verde e o cinza, sem regras,
Sem compreender que ali há moradores.
Figurinhas de retinas sinceras,
Meigas, fofas, mas sempre caçadores...
Filhos, também, do Senhor das esferas
E, como nós, são bons desbravadores.
Com esperança e animosidade
Esgueiram-se em busca de moradia
Qualquer nisto que se chama cidade.
O verde nas fachadas mais ousadas
Não se assemelha ao que já foi um dia
O lar dessas árvores derrubadas.