NATUREZA MORTA
Sinto morrer em ti a seiva em sangue;
A floresta que chora na lâmina infame
Pelo verde mórbido do vasto mangue
Do desesperado solo que agora brame.
Finda em mim a utópica paciência
N’orvalho nas lágrimas da natureza.
Chagados fungos desta inconsciência
Extinguindo matas e as tuas riquezas.
Exterminadas onças no pesar d’ouro,
Vai-se, sujos e frios, rios de tesouros,
Carcaças flutuantes pelos contornos.
Os dentes da serra nas células-troncos,
O temor soando em teus agudos roncos
Agônicos gemidos no carvão atômico.
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Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 03 de janeiro de 2012.