INSTINTO
Os olhinhos cheios d’água clamam ao pai
“Comê... comê... papá...!” Uma criança
Faminta e com sede. Sem esperança
Pelas ruas, o pai, disposto a tudo sai.
Sofre ao ver o filhinho que chora
Vê-se num pai que lhe tem tanto amor
Exacerba o sofrer num brado de dor
E não poupa blasfêmias a um Deus que demora.
Portas fechadas e chances rompidas
Pensando no filho, em salvar sua vida
Numa reação instintiva, o abismo o tragou.
Agindo, quem sabe, como um homem vão
Em satisfazer o inocente, com um pedaço de pão
Por um pão, este pai, uma vida tirou.