SONETO ENIGMÁTICO
Quem sabe assim, diga-me
Qual teu grito abismal, sepulcral
Aquele brado tão enigmático, revés animal
Um eco secular, tão lacônico, indigente.
Quem sabe assim, saberei
Qual teu mal entorpecido de angústia
Eterno gemido contido em gozo excepcional
Avareza sanguinolenta, tão torpe, flamante.
Saber beber de tuas entranhas
Alavancar todo esse breu, só teu
Tão sorrateiro, delirante, relapso.
Sentir tua carne fervendo
O veneno lancinante em tuas veias
Tua cisma letal de matar-me de amar.