INSPIRAÇÃO

Se escrevo no enlevo de argüir incontido

Reduzir num conceito qualquer, não me atrevo.

É num vício o desvelo, um poder garantido,

já nascido comigo. Meu destino primevo.

Quase em nada parece com o ofício do escriba

Que consome o seu tempo a registrar seu preceito.

É bem mais que um cicio é ação que me arriba

É como a água na fonte se ajeitando num leito.

Involuntário e imperioso, me domina, escraviza...

Impelida ao ritual não rejeito o esparramo.

Docemente me entrego ao sutil holocausto.

Inspiração me instiga, a cunhar na imprecisa

Hora que me arrouba e se vê, sem reclamo

Furacão que me enleva a um bruar mais fausto.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 28/12/2011
Código do texto: T3410330