INSPIRAÇÃO
Se escrevo no enlevo de argüir incontido
Reduzir num conceito qualquer, não me atrevo.
É num vício o desvelo, um poder garantido,
já nascido comigo. Meu destino primevo.
Quase em nada parece com o ofício do escriba
Que consome o seu tempo a registrar seu preceito.
É bem mais que um cicio é ação que me arriba
É como a água na fonte se ajeitando num leito.
Involuntário e imperioso, me domina, escraviza...
Impelida ao ritual não rejeito o esparramo.
Docemente me entrego ao sutil holocausto.
Inspiração me instiga, a cunhar na imprecisa
Hora que me arrouba e se vê, sem reclamo
Furacão que me enleva a um bruar mais fausto.