Indizível
Se não vês, deveras, o quão nobre me é
contemplar-te enquanto Musa dos sonhos meus,
nos quais até em teu mais fusco perigeu
não se ausenta de ti o alvor de donzela.
É que és dona de imensurável formosura,
que da tua sagacidade ao lado caminha
e faz flamejar, debalde, a visão minha;
um único olhar as dores todas me cura.
És a minha dionisíaca quimera,
a abstração recôndita do inexplicável;
de todos, és o caminho mais inviável.
Por seres assim, é que és p’ra mim a mais bela.
Oh! Dona do olhar que amiúde me engabela,
dá-me teu regaço, vem ser meu porto estável!