Indizível

Se não vês, deveras, o quão nobre me é

contemplar-te enquanto Musa dos sonhos meus,

nos quais até em teu mais fusco perigeu

não se ausenta de ti o alvor de donzela.

É que és dona de imensurável formosura,

que da tua sagacidade ao lado caminha

e faz flamejar, debalde, a visão minha;

um único olhar as dores todas me cura.

És a minha dionisíaca quimera,

a abstração recôndita do inexplicável;

de todos, és o caminho mais inviável.

Por seres assim, é que és p’ra mim a mais bela.

Oh! Dona do olhar que amiúde me engabela,

dá-me teu regaço, vem ser meu porto estável!

Duda Checa
Enviado por Duda Checa em 27/12/2011
Código do texto: T3408190
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