"CADA UM NA SUA..."
Até a verdade fica difícil se já virou confusão
Quando o clima de guerra segreda sacrifícios,
Quando há carência de tudo, e o afeto se foi na neblina,
Quando todo contato só retrata a simples rotina...
Qualquer palavra fere, magoa, gera desconfiança.
Tudo é mistério, não há sinais de bonança,
Tudo é contingência para aumentar as diferenças,
Tudo é necessidade de solidão... Chega de presença...
Cada gesto é motivo que traz para perto o afastamento;
Cada qual quer ser mais um no isolamento;
Cada fraco se vê forte... Em cada um, outro juiz...
E a ninguém se escuta. Tudo parece ofensa,
Pois ninguém fala por resposta, apenas o que se pensa.
Daí ser preciso e necessário ninguém de fora meter seu nariz...
(ARO. 1966)