"CADA UM NA SUA..."

Até a verdade fica difícil se já virou confusão

Quando o clima de guerra segreda sacrifícios,

Quando há carência de tudo, e o afeto se foi na neblina,

Quando todo contato só retrata a simples rotina...

Qualquer palavra fere, magoa, gera desconfiança.

Tudo é mistério, não há sinais de bonança,

Tudo é contingência para aumentar as diferenças,

Tudo é necessidade de solidão... Chega de presença...

Cada gesto é motivo que traz para perto o afastamento;

Cada qual quer ser mais um no isolamento;

Cada fraco se vê forte... Em cada um, outro juiz...

E a ninguém se escuta. Tudo parece ofensa,

Pois ninguém fala por resposta, apenas o que se pensa.

Daí ser preciso e necessário ninguém de fora meter seu nariz...

(ARO. 1966)

Profaro
Enviado por Profaro em 25/12/2011
Código do texto: T3405663
Classificação de conteúdo: seguro