Orbes Silentes
Busquei, por toda noite, um rumo exato
A cada sensação que, em mim, intensa,
Trazia da tua pele pro meu tato
As curvas com que finjo tua presença...
Deixei-me esvaecer em corpo e ato:
Falar teu nome ao ar, deixar suspensa
A forma da tua boca em meu palato
Assim, acidulante e cega - e densa!
Orbes silentes: olhos imergidos
No vendaval de sons que, aos meus ouvidos,
Segreda, ininterrupto, o teu nome...
Miram no vão da noite que termina
O brilho abrasador da tua retina
Em que minh'alma inteira se consome!