SERVENTE DA ILUSÃO
A que tanto finda os amores que trago
No eu peito aberto, feito flor nascida?
Se é com ternura fiel, pois, nada vago
É meu entregar, que a eles doei vida!
Varrer as lembranças eu não posso,
Pois, seria eu um servente da ilusão,
E esse fardo é tão só meu, nada nosso;
Que só a mim sobrou, dores no coração.
Então escondo e guardo os segredos meus,
Um a um, a quem eu amei de verdade,
Trancado em muitas chaves de um adeus.
Ali eu sofro, e mudo, sem a claridade
Da luz dos carinhos dos Prometeus,
Que tanto amei e amarei na eternidade.
Nota do autor:
A figura trágica e rebelde de Prometeu, símbolo da humanidade constitui um dos mitos gregos mais presentes na cultura ocidental.
Filho de Jápeto e Clímene ou da nereida Ásia ou ainda de Têmis, irmã de Cronos, segundo outras versões , Prometeu pertencia à estirpe dos titãs, descendentes de Urano e Gaia e inimigos dos deuses olímpicos. O poeta Hesíodo relatou, em sua Teogonia, como Prometeu roubou o fogo escondido no Olimpo para entregá-lo aos homens. Fez do limo da terra um homem e roubou uma fagulha do fogo divino a fim de dar-lhe vida. Para castigá-lo, Zeus enviou-lhe a bonita Pandora, portadora de uma caixa que, ao ser aberta, espalharia todos os males sobre a Terra. Como Prometeu resistiu aos encantos da mensageira, Zeus o acorrentou a um penhasco, onde uma águia devorava diariamente seu fígado, que se reconstituía. Lendas posteriores narram como Hércules matou a águia e libertou Prometeu.
Na Grécia, havia altares consagrados ao culto a Prometeu, sobretudo em Atenas. Nas lampadofórias (festas das lâmpadas), reverenciavam-se ao mesmo tempo Prometeu, que roubara o fogo do céu, Hefesto, deus do fogo, e Atena, que tinha ensinado o homem a fazer o óleo de oliva. A tragédia Prometeu acorrentado, de Ésquilo, foi a primeira a apresentá-lo como um rebelde contra a injustiça e a onipotência divina, imagem particularmente apreciada pelos poetas românticos, que viram nele a encarnação da liberdade humana, que leva o homem a enfrentar com orgulho seu destino.
Prometeu significa etimologicamente "o que é previdente". O mito, além de sua repercussão literária e artística, tem também ressonância profunda entre os pensadores. Simbolizaria o homem que, para beneficiar a humanidade, enfrenta o suplício inexorável; a grande luta das conquistas civilizadoras e da propagação de seus benefícios à custa de sacrifício e sofrimento. Tema de vários quadros célebres, de Ticiano e Michelangelo, o suplício de Prometeu foi para Shelley motivo de reflexões metafísicas.
Ps. Texto retirado de pesquisa na net.