Amor: delícias e temperos

Quando orvalho as plantinhas do canteiro,
A alfavaca, a salsa, o orégano e o tomateiro,
O prazer esparrama-se, do chão ao ar em sabores,
O verde é predominante sobre todas as outras cores.

Quando retiro as ervinhas, de modo breve e ligeiro,
Graciosamente, o coração inunda-se naquele cheiro,
Com as mãos sujas de terra, esqueço-me das dores,
Cultiváveis são os corações dos trabalhadores.

Semeei a bondade, não ouricei o vespeiro,
Para fazer florescer o bem e a paz no teu terreiro,
Não me contento apenas com as bênçãos de Eros,

Na verdade, sou de Póros e Pênia, como ele, herdeiro,
Mas o amor veio bem antes de tudo, foi o bem primeiro,
Aprendi com o amor: colher humanas delícias e temperos!


Conforme o mito grego:
Pênia: a personificação da pobreza
Póros: a personificação da riqueza (abundância)
Eros seria filho de Póros e Pênia, conforme os escritores clássicos. Conta a lenda  que em uma festa para homenagear o nascimento da deusa Afrodite, Póros teria se embriagado e adormecido no jardim de Zeus. Pênia que fora à festa para mendigar, encontrou Póros, e pela carência em que se achava de tudo o que tem Póros, cogitou ter um filho dele, deitou-se e dormiu com ele, concebendo Eros.
Assim, Eros tornou-se fiel seguidor da deusa Afrodite (fora gerado durante as suas festas natalícias e também porque era por natureza amante da beleza). Dado à união da pobreza e da riqueza, o amor tem o caráter de estar sempre ansioso por algo ou de algo, ao mesmo tempo em que sente-se cheio e realizado.
Geraldo Mattozo
Enviado por Geraldo Mattozo em 19/12/2011
Reeditado em 23/12/2011
Código do texto: T3397035
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