Soneto - Em que boca eu deixei meus beijos?

Meus pensamentos e meus desejos,

Encontram-se atemporais, em desatino,

Vem e vão tinindo, soando, mil pelejos...

Irritantemente, tal qual badalar do sino.

Sinto-me perdido, sem rumo, destino...

Nessa perturbação em que me vejo,

Quem me dera saber, bem paulatino,

Em que boca eu deixei os meus beijos?

Quem os encontrar, favor devolver-me,

Beijos ardentes, suaves e apaixonados,

Que o tempo custa em esconder-lhes...

Irei procurá-los no tarô, jogos de dados,

E nessa inconstância em que me tolhes,

Ah! Pode voar mundos e morrer astros.