CURA
Em horas infindáveis transmutado
O tempo ao meu redor, violento, escoa
Levando, como os ventos de um tornado,
O choro que meus olhos enevoa
E por tanto sofrer sem ter pecado
Quero deixar-me aqui, co'um riso à toa,
Para esquecer o cheiro almiscarado
Que tem cada letal lembrança boa...
E toda nova cura que se eleva
Em meio ao turbilhão de luz e névoa
Que encerro em meu sorriso reticente
Traz sempre um punhal de sangue tinto
Fincado no sagrado do que eu sinto
Para deixar-me, após, tão mais doente...