Vento Minuano...
Quando sopra e assobia, fazendo estrago
O vento chucro por todo o meu pago,
Trazendo com o frio, geada e velhas emoções
Mexe e arrepia, até o mais valente dos peões...
Sopra inclemente...guasqueando sem piedade
Trazendo de arrasto uma baita saudade
Do rancho...do mate ao pé do fogão
Dos causos...da acordeona e do violão...
Minuano bravio que fustiga as coxilhas
Intrépido, igual manadas andarilhas
Galopeando sem direção pela Querência...
Ah...Minuano, ao ouvir de manhã cedito
Este teu sopro gaudério...bendito,
Agradeço a Deus...te juro...por tua existência...
Significado de algumas expressões do linguajar gaúcho, usadas no soneto:
Acordeona - acordeon – gaita – sanfona
Andarilhas – sem destino certo
Arrasto – arrastar – puxar
Baita – grande – enorme
Causos – casos – contos – acontecimentos
Cedito – cedo da manhã – ao nascer do dia
Chucro – não domado – selvagem
Coxilhas – campo com elevações (muito verdes) utilizadas para o gado (Paisagem típica do RS)
Galopeando – o mesmo que galopando
Guadério – que anda errante
Guasqueando – bater com guasca (tira de couro cru)
Mate – bebida quente e amarga (erva mate) preparada em cuia de porongo (cabaça) e sorvida
através da bomba (tubo metálico com um ralo na extremidade inferior)
Minuano – Vento frio e seco que sopra forte no inverno gaúcho
Pago – Lugar em que nasceu – o lar – a querência
Pé do fogão – ao redor do fogão a lenha
Peões – trabalhadores nas lidas do campo
Querência – torrão – rincão – lugar onde nasceu – o pago
Rancho – casebre – morada humilde - choupana