"NÃO SE ENGANEM"

Eu não quero ter no último poema a razão de vida

Eu não pretendo fazer da última palavra a intenção

Eu não gostaria de que tudo se fixasse na última lição

Eu não descansarei se a frase final tornar eco de despedida.

Tudo fiz e faço de momento, se e quando mereço

Como tudo me vem e vai, tal a insônia e o pesadelo

Nada eu faço por ser ou tornar-me um modelo

Se o que me apraz é colocar no papel senão esqueço.

E se um destes momentos, como este que tenho agora,

For o último pela vontade Divina, por eu ter de ir embora,

Não se lhe o faço de aviso, já que este é mais um lampejo

Visto que o que mais eu pediria como último desejo

A ser-me dado por Deus, um ser humano no enlace,

Seria eternizar este corpo e tantos quantos dele se cercassem.

(ARO. 1995)

Profaro
Enviado por Profaro em 13/12/2011
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