"NÃO SE ENGANEM"
Eu não quero ter no último poema a razão de vida
Eu não pretendo fazer da última palavra a intenção
Eu não gostaria de que tudo se fixasse na última lição
Eu não descansarei se a frase final tornar eco de despedida.
Tudo fiz e faço de momento, se e quando mereço
Como tudo me vem e vai, tal a insônia e o pesadelo
Nada eu faço por ser ou tornar-me um modelo
Se o que me apraz é colocar no papel senão esqueço.
E se um destes momentos, como este que tenho agora,
For o último pela vontade Divina, por eu ter de ir embora,
Não se lhe o faço de aviso, já que este é mais um lampejo
Visto que o que mais eu pediria como último desejo
A ser-me dado por Deus, um ser humano no enlace,
Seria eternizar este corpo e tantos quantos dele se cercassem.
(ARO. 1995)