Três sonetos bêbados.

Beber pra te esquecer.

Autor: Daniel Fiúza

11/12/2012

Um dia fui beber para esquecer,

e esqueci até por eu que bebia,

não lembrava onde e nem o porquê,

tinha que olvidar o que sentia.

Meu pensamento ali se perdia,

entre goles quadrados de sorver,

a cada dose, mais eu esquecia,

o que naquela noite fui fazer.

Só sabia que precisava beber,

naquele bar ate raiar o dia,

para esquecer, nem lembro de que,

nem lembrava mais o que esquecia.

A minha lembrança só aparecia,

quando eu me esquecia de você.

Desabafo de um bêbado.

Autor: Daniel Fiúza

02/06/2008

Que queria mesmo era desabafar,

falar ao léu palavras obscenas,

ser simplesmente um bêbado apenas,

beber com alguém na mesa de um bar.

Bebendo todas até vomitar,

escandalizando as Madalenas,

caindo ébrio, pagando minhas penas,

Ser bem ridículo, biltre e vulgar.

Seguir grotesco a cambalear,

provocar risos nessas tristes cenas,

ouvir escárnios do povo, as centenas,

causando pena por onde eu passar.

E n’outro dia de nada me lembrar,

querendo esquecer coisas pequenas.

Soneto do poeta bêbado.

Autor: Daniel Fiúza.

14/12/2010

Sou um pouco bicho um pouco gente,

morando numa selva da cidade,

na minha poesia sou indigente,

e cada verso é uma calamidade.

E nada do q'eu digo é verdade,

pois ébrio eu escrevo comumente,

fazendo apenas por necessidade,

quase caindo de corpo dormente.

A minha emoção é tão somente,

delírios de bêbado em castidade,

d’uma paixão antiga e decadente,

que afogo na bebida a saudade.

Mendigo pobre e sem dignidade,

que diz exatamente o que não sente.