"SONETO DO DESASSOSSEGO"

Ao acordar o relógio me mostra ter de andar depressa:

A higiene bem rápida e um cafezinho para animar.

Na condução, sempre com excesso, sem que se impeça

Uma das mãos mantém o corpo seguro; a outro, protege do azar.

No trabalho, com os cortes costumeiros pela situação,

Os sustos sempre que lhe convoca à tesouraria.

No passar das horas, num movimento de sofreguidão,

Percebe-se que nesse mês o salário será a mesma ninharia.

Ao retornar ao lar, além de cada problema habitual,

A cabeça soma as contas que no dia seguinte há de pagar:

A escola, o armazém, o açougue... Todos a aguardar.

Já na casa, fora do horário, pelo trânsito congestionado,

As cobranças com insinuações por ele ter demorado.

E à noite, madrugada, mais pesadelos o desassossegam geral.

(ARO. 1995)

Profaro
Enviado por Profaro em 11/12/2011
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