SEM CULPA, A MÁ FORTUNA

E assim, de tantos Erros, fez-se a vida.

Olha-se. No espelho, tal face medra

esta face ignota, malquerida

como a outra apartada, errante pedra.

Enquanto erra, uma mãe espera

pela filha ancestral, dela emergida

aquela que se pensou pura, vera,

agora a se olhar, assim partida...

Assim partida, muda à revelia,

que mão de Má Fortuna a fez agir

como se cega fora, repentina.

Sem poder acusar a Má Fortuna,

andrajosa de si, assume a Culpa

de Horror feita: a face neste espelho.

Republicação no início da tarde de 11 de dezembro de 2011.