Migalhas, afinal...
Maria, menina bobinha que tanto amou,
garota sem graça que de graça se encheu,
o coração, a alma, tudo entregou,
sem medo, sem pejo, a quem a escolheu.
Maria que desejou dar bem mais que um quinhão
e, culpada por tão pouco oferecer, a pobre sofria.
Seu pensamento, desejo, sua alma e coração,
mas, não seu tempo, nem a rotina do dia a dia.
Ah Maria! Pedes perdão pelo engano agora,
oferecestes migalhas, sobras da farta mesa, afinal,
exuberante, imaginando ser o prato principal.
Aquele a quem amastes, do nada, foi embora...
E Maria, perdida, ferida, cansada, de olhos no chão
a procura das migalhas do seu coração.
Lidia Sirena Vandresen