Marcos Loures
TUA PELE

Pudesse algum caminho ao paraíso
Quem sabe nos teus olhos, tua pele
E quando à tal loucura me compele

O passo mais audaz, mesmo impreciso,

O quanto se perdendo de algum siso
Ainda que deveras tente e apele,
O fardo se pesando me atropele,
E no final das contas: prejuízo...

Assim a vida dita suas normas
E quando vez por outra tu me informas
De sonhos mais felizes? Só bravatas...

O mundo me ensinou a cada não
Que nunca se sabendo a direção
As ondas com certeza são ingratas...

Edir Pina de Barros
Geografia do Prazer
 
Na tua pele eu vi caminhos tantos,
atalhos e veredas com seus becos,
alguns molhados, outros quentes, secos,
mil armadilhas prenhes de quebrantos.

Há tantos rios nesta tua pele!
Canais e leitos com lençóis de areia,
pepitas de prazer que o amor anseia,
promessas que, talvez, meu ser desvele.

Na tua pele, húmus de teu ser,
ingás, ipês floridos, perfumados,
viçando em cada vão, cada fissura.

Aveludada pele! Que loucura!
Todos os dados postos, bem traçados...
A Geografia pura do prazer!
 
Brasília, 18 de Agosto de 2010.




Poesia das Águas, pg. 108
Pura chama, pg. 14
Sonetos selecionados, pg. 51




Marcos Loures

Amor traz sem fronteiras nem limites
O quanto em invasões se faz a paz,
No passo mais sereno ou mais audaz,
O tanto que tu queres e acredites,

Só peço; meu amor, jamais evites
Confrontos delicados, e assim se traz
O privilégio raro que é capaz
De moldar novo mundo, se o permites.

Nas tramas e entrelaces, sem discórdia,
Na mesma voz uníssona concórdia
E acorde a sensação que nos resume,

Num ato tão sutil e generoso,
Do amor que nos permite em raro gozo
Embates fabulosos, de costume...
 


Liberta
Edir Pina de Barros

O amor que nos permite raro gozo
é feito de paixão, fervor, encanto
que aviva a nossa paz – doce acalanto -,
tornando o mundo inteiro mais formoso.
 
Amor sem peias, livre e generoso
que asperge candidez em cada canto,
supera a angústia, a dor, o amargo pranto,
e enflora à luz do sol, tão belo e airoso.
 
Sincero e terno, forte e delicado,
que nada teme, nada cala, evita,
afeito à louca audácia da aventura.

E busca, sem recato, o bem amado,
quando o desejo vem e o corpo grita,
sem perder nunca a íntima ternura.

Livro Pura Chama, pg.  83
 
Marcos Loures

O sonho lapidado a cada instante
Permite o raro amor que nos invade,
E vence com maior serenidade
A rude tempestade mais constante

E assim a cada passo me adiante
Ousando acreditar além da grade
Na imensa e tão sublime majestade
Que sempre se mostrara fascinante,

Não temas o que possa acontecer,
Nas mãos do grande amor, raro prazer,
O verso mais audaz, o encanto eclético,

Ainda que se mostre em luta intensa,
O amor nos suprimindo já compensa
Um mundo que se mostre mesmo herético...
 
 Edir Pina de Barros

Anhumas
 
O mundo sem amor é tão patético
tal qual um mar sem ondas, sem espumas,
calmo e perdido, entre as densas brumas,
desencantado, sem fulgor, hermético.
 
O amor que é grandioso, livre e eclético,
flutua feito as mais suaves plumas
que soltam pelos ares as anhumas,
nos vendavais do amor, que é sempre herético.
 
Que venham as tempestades, vendavais,
abismos tenebrosos, abissais, 
as vagas do prazer sem fim do mar
 
profundo do sentir sem medos, pejos,
escumas da volúpia dos desejos
pois eu só quero amar, amar e amar.
 

Marcos Loures

 

Arcando com meus erros do passado
Anseios de um futuro proveitoso
Aonde com ternura, sonho e gozo,
Vivesse cada instante do teu lado,

O canto mais feliz se faz ousado
E possa ministrar o majestoso
Caminho aonde o ser maravilhoso
Expressa o quanto queira ser amado,

Não mais temendo as teias desta rede,
Matando em teu prazer a imensa sede
De quem se faz além de meramente,

Ocasos esquecidos; sigo em paz,
Tramando o quanto possa ser audaz
No todo que decerto se pressente...



 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 09/12/2011
Reeditado em 25/07/2020
Código do texto: T3379243
Classificação de conteúdo: seguro
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