Ablepsia
Estas palavras pela minha boca expulsas,
contíguas à tenência que ainda as excede,
tornam minha face um âmbito para a repulsa
daqueles que rezam para que algo as quede.
Se digo o que penso (e penso o que eu sou),
condenam-me, assaz, à inquisição, à ruína;
como lâmina que se cora de bordô,
minha voz lhes corta as vendas dessa chacina
Mas não lhes agrada ver as coisas assim,
tampouco viver a vida soez que têm...
Eis que se acomodam em utopias sem fim
e banem-me por estar das veras aquém.
Outro corpo na fogueira, ou manicômio;
é o cego quem avalia, ecce homo...