"ABANDONO... A PIOR SOLIDÃO"

Não lhe incomoda o meu sorriso triste,

Nem lhe desespera a fome que passo...

Não lhe humilha a roupa retalho que me assiste,

Nem lhe atormenta não ter o seu espaço...

Não me envergonha de te pedir um trocado,

Nem tão pouco de dormir ao relento...

Não me aborrece a chuva a me deixar molhado,

Nem tão pouco que me vem ao olho pelo vento...

Nada me deprime tanto, nem mesmo me ultraja...

Nada me deflora a alma, nem mesmo a má sorte...

Nada me detém a vida, nem me leva à morte...

O que pode me fazer a que tudo isso haja,

E pelo descontentamento minha mente não reaja,

É ver-me tão sozinho, entregue à própria sorte.

(ARO. 1997)

Profaro
Enviado por Profaro em 06/12/2011
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