"ABANDONO... A PIOR SOLIDÃO"
Não lhe incomoda o meu sorriso triste,
Nem lhe desespera a fome que passo...
Não lhe humilha a roupa retalho que me assiste,
Nem lhe atormenta não ter o seu espaço...
Não me envergonha de te pedir um trocado,
Nem tão pouco de dormir ao relento...
Não me aborrece a chuva a me deixar molhado,
Nem tão pouco que me vem ao olho pelo vento...
Nada me deprime tanto, nem mesmo me ultraja...
Nada me deflora a alma, nem mesmo a má sorte...
Nada me detém a vida, nem me leva à morte...
O que pode me fazer a que tudo isso haja,
E pelo descontentamento minha mente não reaja,
É ver-me tão sozinho, entregue à própria sorte.
(ARO. 1997)