Soberbo
O chão em que pisas, ó soberano
Não o sentes, perverso que tu és
Feito capacho, o chão, a teus pés
Espera-te, um dia, em desengano.
De nada vale tanto orgulho, nada
A soberba, obscena e sem virtude
Alardeia os brios, e da magnitude
Desponta a ignorância exacerbada.
O poder, nota-se quão o ostentas
E na vaidade, ele que te alimenta
Mas uma vez perdido, te apavora.
E mais tarde, agoniado e disforme
Teu corpo cai, e vencido, dormes
Vem o chão, se abre, e te devora.