Canto das águas
Canto das águas
O sol, entre nuvens, deixa escapar um mormaço
Fazendo-me recostar nas pedras da cachoeira
Sentindo a água acariciar-me num longo abraço
Acalentando meus sonhos na tarde alvissareira
Teu riso tirou-me das divagações e sem embaraço
Aconcheguei-me em teu peito entregando-me inteira
Ao sabor do beijo provocante e meu desejo disfarço
Cerrando os olhos, mas entreabrindo os lábios faceira
O tempo vadio adormece na alma preguiçosa
A cantiga do vento é sarau em árvores frondosas
Que se complementa no toque da boca manhosa
O arrepio é doce e sensual lamento do coração
Quando tudo emudece e no ar vibra apenas a canção
Do canto das águas fomentando no sangue a paixão.
Norma Bárbara