"LAMENTO E NADA MAIS"
Só se contenta pouco, se é acomodado.
Só se pensa baixo, se vive desenganado.
Só se entrega sem luta, se está desiludido.
Só se venera a morte, se sente perseguido.
Nada se absorve sem haver algum motivo,
Tudo é precisão, se não se é passivo.
Até mesmo uma gota de orvalho na estação
Não cai, nem se evapora, se não houver razão.
Por isso a vida é farta, e é também precisa,
Pois em seus limites “vida e morte” não se enraíza,
Não se faz eterno nada e ninguém que nela habita.
Só se leva em paz, se nela se acredita,
E se torna forte e sustentável pela passagem,
Ou se terá, por todo tempo, só lamentos na viagem.
(aro. 1995)