Soneto à Herança
Sigo cambaleando a todo instante
Dentro do infinito, e a cada momento...
Sigo, mesmo que num passo mais lento,
Dentro de uma verdade claudicante.
Sigo à minha maneira, delirante,
Dentro desta corja que eu fomento...
Sigo, visto que é este o meu talento:
Dentro da imprudência, ser errante.
Os pés já esfolaram-se; foram-se unhas...
Caminho, pois, seguindo rumo ao centro
Da minh'alma, onde há pedra nefasta:
Bloqueio que conheces, pois compunhas
Lá as sinfonias que, aqui dentro,
Castigam um amor que há anos se arrasta!