Almas gêmeas
Alma da minha vida serena, que partiste,
Levando flores, odores do meu jardim!
Deixando espinhos se cravando em mim,
De onde estás, para chorar, não me aviste.
Olhando céus de tons e cores azuladas,
Sinto teus lábios, contorcendo-se de carinhos!
Fiquei sem teto, abriu-se o chão no meu caminho,
Sangrou-me o peito com a dor de mil facadas.
Ferida caudalosa feito águas de um rio
Destroçando e arrebatando tudo pela frente,
Mas o tempo é o senhor da dor ausente.
Fiz as pazes com o inferno e com o fogo
E o deus sol se desmanchando no poente,
Que eu me pego cantando, quase contente.