A CHAMA E O VENTO

Eu sou chama frágil de vela que dança,

girando à mercê dos embalos do vento

que invade violento o recinto esperança

da casa empoeirada do meu pensamento.

Sou chama de vela que oscila a pujança

da cor que rebrilha no brio nevoento,

distende-se, amplia-se aos ares, balança,

mas quase se apaga sem força e sustento.

Eu, chama oscilante de vela, sem rumo,

que treme inclinada tentando seu prumo

no vento que surra seu lastro e o conduz.

Ó, fechem janelas e portas, suplico!

Pois já não suporto este sopro impudico

do vento covarde que suga-me a luz.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 01/12/2011
Código do texto: T3365995
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