PALIATIVO
PALIATIVO
Para Elvira
Cigarro, fiel companheiro de jornada,
Que, embora impiedoso, nunca me abandona.
Não pede dinheiro, mas gosta de dar carona,
Pois acalanta a ingênua alma atraiçoada.
Nicotina no tabaco é sua vergonha,
Como na mente se esconde a minha, calada.
Mas há almas que trazem a maldade irmanada
Ao réptil maligno que transporta peçonha.
mas palia os sentidos; esconde a verdade,
O sentido da alma que se fere na angústia
Quando lastima e contesta o fel da inverdade.
Mau odor se alia ao brilho que imprime a pelúcia
Da fala macia de honrada dignidade
Produto e carisma de diabólica astúcia.
Afonso Martini - 201111