Maré
O marujo avança nos seus rumos
afogando toda pressa de ancorar;
são as tramas ausentes de seus prumos
fiando confissões feitas de mar.
Cada regresso abraça despedidas,
ventam sopros de sal ao rés da areia,
onde efêmeros resíduos de mil vidas
vão germinando na onda a maré cheia.
Nas solidões tecidas de acalantos
só o incansável rugir desse mar fera
continua a murmurar seus tristes cantos.
No luar que o lusco-fusco bruxuleia
é por ele que não chega que ela espera
e por ela que não vem é que ele anseia.