"NÃO PERCA TEMPO"
Poucos são aqueles que têm motivos para ir embora
Fazendo de suas partidas um momento sem volta.
Maiores ainda são os desejos ardentes de ser o agora
Despojado de lágrimas e de lenços brancos além da revolta.
A saudade não compensa a perda irreparável
Pois nada se compara à dor que rasga um peito
Dilacerado pela viagem, num desenlace inevitável,
Misteriando a disfusão que leva cada qual ao seu leito.
Portanto, nada mais coerente que um aproveitamento
Fundamentado às normas, leis e até mesmo aos deveres,
Já que essa hora pode não estar conciliada aos prazeres.
Que se faça de tudo antes que se esgote todo sentimento,
Do mais nobre e virtual ao mais dúbio e irrelevante,
Visto que o tempo não para, e, se possível, ele será só um instante.
(ARO. 1998)