O último soneto que te fiz
Encontrei as folhas, outrora amassadas,
onde, há meses, escrevi versos p’ra ti;
lembro-me de tê-los em mão n’alvorada
e em aflito impulso queimá-los enfim.
Intitulava-te meu cais, meu porvir
sem, ao menos, permitires-me, meu bem...
Foste meu amor... P’ra ti nem existi!
Pois sou aquela que só vive a ilusão
e condena como tal a realidade,
quem sofre quando há de dores privação.
E se a inércia a tal dor me condena,
sofrer por ti assim me é tão cabível...
Se te faço jazer cá neste poema,
é que tu és para mim o incognoscível.