Torva, febril, torcicolosamente,
     Numa espiral de elétricos volteios,
     Na cabeça, nos olhos e nos seios
     Fluíam-lhe os venenos da serpente.
      
 
     Ah! que agonia tenebrosa e ardente!
     Que convulsões, que lúbricos anseios,
     Quanta volúpia e quantos bamboleios,
     Que brusco e horrível sensualismo quente.
      
 
     O ventre, em pinchos, empinava todo
     Como reptil abjecto sobre o lodo,
     Espolinhando e retorcido em fúria.
      
 
     Era a dança macabra e multiforme
     De um verme estranho, colossal, enorme,
     Do demônio sangrento da luxúria!

                                                  (do livro “Broquéis”)
 
 
Créditos:

www.biblio.com.br/
www.bibvirt.futuro.usp.br   



João da Cruz e Sousa (Brasil)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 23/11/2011
Código do texto: T3352557