QUANDO A VEJO PASSAR
Participação em Poetize 2012 (não classificada).
QUANDO A VEJO PASSAR
Quando a vejo passar, doces seus olhos flavos,
a mesma brisa se cala em reverencia;
declama o passarinho a sua poesia
e os sóis se inclinam em atitude de escravos.
E quando ela passa o coração se arrepia;
emudecem-se passos; pés fazem-se travos;
forma um nó na garganta com gosto de cravo,
tudo porque a beleza passeia e recria.
Se a mulher brasileira do viso se alheia,
ofusca-se a praia; brilha a gaivota no ar,
o sol se nubla; há esfriamento da areia.
Mas quando ela aparece e põe peias no olhar
do passante ativo que traz sangue na veia,
peixe morto é a retina, vendo ela passar.
Afonso Martini - 011111