Euterpe
Se eu ousar a nomear-te meu amor
pecarei e queimarei; eis-me então calada,
a versar-te num soneto, um esplendor
por exaltar-te em palavras amordaçadas.
Tão completos ficariam os lábios teus nos meus,
símeis em lascívia, saciariam-se
Será isso mera utopia, meu deus?
Que falar de ti, que podes tudo ofuscar?
Fazes-me um outro que se dispõe a corar
quando se afunda no teu fatídico olhar.
Ó Deusa que és de meu Estro, eu suplico
a esmo, que em teus braços me saia este afélio;
que os beijos teus me acalmem e me sirvam de abrigo...
Euterpe, entrega-me a vida de regresso!