Absurdo
Surdo sou, sem ouvir que não me amas
Cego vou, sem ver-te em outros braços
E mudo estou, visto que o meu fracasso
De tê-la, só me joga o coração na lama.
Surdo, esse meu bem querer tão pleno
E como tal, cego é o meu olhar copioso
Mudo, pois não diz, teu coração rochoso
Se é absurdo, manter o amor no aceno.
Cego, surdo e mudo, quando me negas
O mesmo amor que perambula às cegas
E não morre em meu peito, um absurdo.
Ainda assim, é tudo que me tem o rosto
Posto que cego tornou-se meu desgosto
No gosto de amar-te, mesmo que surdo.