"FILOSOFANDO"
Mais um corpo estendido no chão, a raça não é tudo.
Palavras vazias e sem convicção, o silêncio nem sempre é mudo.
Se a batata está assando, nem sempre ela a fome mata.
A justiça considera cada considerando por bravata.
Vejo mais um grande arbusto lançado ao chão,
E com ele várias cadeiras, belos móveis e até carvão.
Sente-se que a vida perdeu o sentido; o homem, o juízo,
Mas que sabe, dos males o menos... um pequeno prejuízo.
Enquanto a chuva em molho tempera e mistura a terra
Preparando as sementes, que vingarão em novos frutos,
No pé do morro, pobre gente assiste outro barraco descendo.
E tudo se segue ao sabor do dia e da noite em guerra
Numa perseguição mútua, cada qual mais resoluto
A não se entregar pela paz que o mundo está perdendo.
(ARO. 1995)