"APÓLOGO: O MARTELO E O PREGO"

“-Tu me bates sem cansar, sem dó nem piedade.

Tua covardia deve ser por puro ciúme.

Não sei o que se passa, daí o meu queixume,

Pois eu procuro uma resposta para essa atrocidade.”

“-Não te queixes demais, tu sabes o motivo.

Quanto mais reclamares, serei mais impiedoso.

Tua cabeça não é oca, disto sou consciencioso,

Por isso, faze ela te mostrar a razão, seu inativo!...”

Conversa vai. Conversa vem... E não há pausa:

O martelo sobe e desce; o prego se enterrando

Na madeira... Pouco a pouco vai penetrando.

De repente, num estalo, o prego volta à causa:

"-Já entendei tua dor nas pancadas que me dás,

Tua revolta é que eu viajo, enquanto tu ficas para trás!...”

(ARO. 1992)

Profaro
Enviado por Profaro em 16/11/2011
Reeditado em 17/11/2011
Código do texto: T3339803
Classificação de conteúdo: seguro