Anjo funesto
O anjo minguando as orlas que veste,
Espanou, da rubra essência, o receio;
Abarrotou a córnea de sangue alheio,
Da ventura, debulhou a ira que puseste.
Pôs-se a fomentar do que lhe deste,
A honra atônita, ao cosmo devaneio,
Um corpo escuro, a esfera dum seio
Disputando um abismo de cipreste!
E a fria arrogância, de olho desolado,
Prostrou-se ao vício surdo e abstrato;
Fez do divino, o carnal que te iludia,
Desta funérea luz, a brancura eterna
Prezaste a condolência e o trato,
Da última lágrima de nostalgia!...
Pombal, 15 de novembro de 2011.