MEU VÍCIO
Quando beijei-te o lábio lindo, à vez primeira,
ai, eu não pude imaginar-me a triste sina
de, então, tornar-me um dependente que alucina
o próprio tino ao teu sabor, a vida inteira.
És o meu vício lancinante, qual morfina...
Escravizei-me ao beijo teu sobremaneira...
E sigo aos mandos da loucura sobranceira...
Colhendo as luzes desta boca, rica mina...
Mas eles queimam, os teus beijos têm o lume
a incendiar os brios meus, com meu ciúme
de tantos outros que sentiram tal fulgor.
Do teu presente não suporto algum limite...
E a insana inveja do passado não permite
nem com o tempo partilhar o teu amor.