Soneto da Primavera
De noiva se veste a manhã: a bruma.
Maracanãs aos bandos no arrebol
Em alarido, anunciam o Sol,
Que ascende envolto em véu de seda e pluma.
A cerração, o seu fulgor verruma
E lança seus raios sutis em prol
Dos belos campos floridos. O escol
Da estação primeira do tempo, em suma.
Na alegria desmedida das flores,
A profusão de aromas e de amores
Rosa, Hortênsia, Amarílis, Bem-me-quer...
Em meio a harmonia dessa atmosfera
Criou Deus a ditosa Primavera
Inspirado na imagem da Mulher.