PAPÉIS




Pedaço em branco de papel
para oferecer partícula minha;
escultura sobre a escrivaninha
dispersa em meio a nuvens no céu.


É branco pedaço de papel,
nevasca na sala, pipa sem linha,
por onde letra-criança caminha
sobre algodão o encantado vergel.


Verso nele. Tinta deitada em cena
com frenesi de palavras combalidas.
Mas o realizo — a inspiração ordena:


Somente poemas, poemas, poemas...
Afetuosa escritura do amor, o tema,
registro de enlevos extensos da vida.



*Poema reunido no livro "Gênese de Poema Inversos", ed. autor.

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 11/11/2011
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